Vida nova

Cáritas recebe famílias venezuelanas

Grupo de sete pessoas será encaminhado para Piratini e Pelotas pela Arquidiocese local, que pretende auxiliar os estrangeiros a encontrar emprego e se fixar nas cidades

Gabriel Huth -

Atualizada às 17h06 para acréscimo de informações.

Nos olhos, a expectativa de uma vida nova. Na recepção, abraços anunciando as boas-vindas. A partir de hoje, sete venezuelanos terão novos dias e novos sonhos para colocar em prática na região. Enquanto um grupo será encaminhado para Piratini, outros ficarão em Pelotas onde pretendem morar, se fixar, encontrar emprego e viver um nova vida. O grupo foi recepcionado no Aeroporto Internacional João Simões Lopes Neto por integrantes da Cáritas Arquidiocesana de Pelotas, que intermediaram a vinda do grupo através do Padre Sérgio Luiz Lima Pereira, pároco da capital farroupilha.

São quatro gerações de uma família que desembarcaram em Pelotas. Três integrantes, um casal e a avó, ficarão em Pelotas. Outro casal com uma filha de um ano e meio, mais um jovem de 19 anos que não é integrante da família, serão recebidos em Piratini na Casa da Mãe Gestante.

Uma nova vida
O jovem Daniel San José, de 19 anos, vê a chegada na região como uma oportunidade de seguir os estudos. Por dois anos, cursou Química numa universidade venezuelana e pretende continuar na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Há seis meses, morava em Amajari, no norte de Roraima na divisa com a Venezuela, e por isso Daniel praticamente está habituado com a língua portuguesa.

Quando a pergunta é relacionada ao futuro, ele responde que seu único desejo é concluir a faculdade. “Quero me preparar e fazer o Enem e depois entrar na Universidade Federal de Pelotas para Química ou em algum curso de engenharia”, traça os próximos meses. Daniel é um dos venezuelanos que irá morar em Piratini. Nos últimos meses em que estava estudando, Daniel relata que eram enfrentadas muitas dificuldades. Até a comida era limitada

O intermediário da vinda do grupo, padre Sérgio, esteve recentemente em Roraima onde conheceu a realidade dos imigrantes que resolveram sair do país de origem em busca de uma vida melhor no Brasil. Instável na economia e na política, milhares de venezuelanos se viram obrigados a abandonar suas cidades em busca de oportunidades em países vizinhos. “Me deparei com uma realidade dura. Eles eram cuidados por irmãs que começaram a buscar dioceses que teriam condições de recebê-los”, conta. Aqui, o padre se articulou com o bispo e a Cáritas, para trazer as famílias para a região.

Nos últimos meses, o trabalho de Anthony Muñoz se alternava entre pedreiro e pintor. “Trabalhava sempre que tinha algum serviço. O que aparecia eu fazia”, relata, com a filha de um ano e seis meses de vida no colo. A ela Muñoz também espera melhores dias e um futuro com melhores expectativas.

Em Pelotas ficarão Luis Palma, sua esposa e sua sogra. Palma também trabalhava na construção civil em Tigres, município que fica a cerca de 14 horas de viagem da fronteira com o Brasil. Na Venezuela, precisou deixar os pais e três filhos. “Assim que eu me fixar, quero trazer eles”, projeta. Lá, com o trabalho pouco dava para comprar, além da comida. Outra dificuldade era para atendimento médico, disse.

Abraços de boas vindas
Ligada à Cáritas, a assistente social Márcia Rodrigues era uma das integrantes do grupo que deu as boas vindas aos venezuelanos no aeroporto. Após longos abraços e o primeiro contato, o grupo foi levado para a sede da Cáritas para um almoço. Márcia explica que todo o trabalho será iniciado após ouvir as demandas dos imigrantes. “A gente quer saber as necessidades de cada um, experiências profissionais. É um trabalho com eles e não para eles”, defende dizendo que o trabalho da Cáritas é buscar a autonomia das famílias.

Outra equipe que dará suporte aos venezuelanos será o Grupo de Estudos em Política Migratória e Direitos Humanos (Gemigra), ligados à Universidade Católica de Pelotas (UCPel). O Gemigra já trabalha com outras famílias venezuelanas que moram atualmente em Pelotas. Conforme Anelize Corrêa, professora e integrante do grupo, hoje são mais de 20 famílias de imigrantes na cidade e também chegaram no município por intermédio de grupos religiosos. “São pessoas que estão querendo achar um espaço, não é uma opção. Eles saem porque não tem como ficar”, comenta. O próximo passo será mapear as experiências profissionais dos imigrantes para buscar uma vaga de emprego nas cidades.

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